A Cruz do Barão: O Legado de Ildefonso Correia Pereira e a História da Revolução Federalista
A Cruz do Barão é um marco histórico no Paraná, localizado em Morretes, e é um dos locais mais emblemáticos da luta pela liberdade e da brutalidade que marcou a Revolução Federalista de 1894.
Mas você sabia que, por trás dessa cruz, existe uma história de coragem, traição e um dos assassinatos mais cruéis da história do estado?
Muitos conhecem a Cruz, mas poucos sabem o que realmente aconteceu ali. O que levou um homem respeitado, Ildefonso Correia Pereira, o Barão do Cerro Azul, a ser condenado à morte por um simples ato de defesa da sua cidade e da sua gente?
Continue lendo e descubra o verdadeiro peso dessa cruz, que até hoje carrega um legado de sacrifício e heroísmo.

Antes de tudo: Erva-Mate e o Paraná, O Motor da Economia
No final do século XIX, o Paraná vivia um momento de crescimento econômico impulsionado pela erva-mate, que se tornou um dos produtos mais importantes para o estado e para o Brasil. Curitiba e outras cidades paranaenses eram centros de comercialização, e a erva-mate abastecia todo o país.
Este produto não só fortaleceu a economia local, como também gerou conflitos de poder e interesses, especialmente entre os fazendeiros e os militares.
A produção da erva-mate foi essencial para a consolidação do Paraná como um dos estados mais importantes do Brasil, e as questões políticas que surgiram durante a Revolução Federalista estavam ligadas diretamente ao controle dessa riqueza. No entanto, a ascensão de Floriano Peixoto e a repressão brutal contra os federalistas alteraram profundamente o rumo do estado.
Mas o que levou Ildefonso e seus companheiros à morte, e por que essa cruz representa uma das maiores injustiças da história do Paraná?
A resposta está em uma época de grande tumulto político e militar, em que o país estava à mercê de poderosos interesses pessoais, militares e políticos. Para entender a verdadeira história da Cruz do Barão, precisamos voltar aos eventos que definiram a Revolução Federalista e o papel central de Floriano Peixoto, o presidente truculento que governava o Brasil com mão de ferro.
Floriano Peixoto e a Truculência do Governo
A Revolução Federalista foi marcada pela violência e pela truculência de Floriano Peixoto, o presidente do Brasil que, após assumir o poder de forma autoritária, não hesitou em usar a força militar para reprimir os movimentos que ameaçavam seu domínio.
Floriano, conhecido por sua brutalidade, liderou um governo que não poupava nem mesmo os civis em sua busca pelo poder absoluto. Sob sua liderança, milhares de federalistas, conhecidos como Maragatos, foram mortos, e cidades inteiras foram tomadas com extrema violência.
Em um momento de grande crise, Floriano Peixoto fechou o Congresso Nacional e governou sem respaldo da constituição, gerando revolta em diversas partes do país. O conflito culminou na Revolução Federalista, que se iniciou no Rio Grande do Sul após Floriano colocar novamente no Poder Julio de Castilhos, já derrubado pelos gaúchos, que saíram em direção ao Rio de Janeiro (capital do Brasil na época) e tinham como objetivo garantir a realização de novas eleições e a revisão das constituições estaduais.
A chegada dos Maragatos ao Paraná, durante a Revolução Federalista de 1894, trouxe um cenário de grande tensão e violência. Depois de conquistarem Santa Catarina, os federalistas avançaram pelo Paraná, e o ponto mais dramático foi o cerco à cidade de Lapa, que resistiu heroicamente por 26 dias contra as forças de Floriano Peixoto. Essa resistência, que ficou marcada pela bravura, é um capítulo fundamental da história da República.
Conheça a história da Lapa com o nosso tour e viva a emoção dessa batalha histórica.
A cidade de Lapa, além de ser defendida por homens, contou com a participação de mulheres e crianças, que lutaram bravamente na linha de frente, transformando a batalha em um episódio sangrento de resistência. A coragem dessas mulheres, que se alistaram ao lado dos soldados, e das crianças, que ajudaram com apoio logístico, fez dessa batalha um marco de heroísmo e sacrifício.
Após a queda de Lapa, Curitiba, temendo a invasão e com o governo estadual já retirado, ficou desprotegida. Foi então que Ildefonso Correia Pereira, o Barão do Cerro Azul, assumiu a liderança e fez uma negociação arriscada para salvar a cidade. Sem armas e com a cidade à mercê da violência, o Barão e seus colegas da Câmara de Comércio decidiram oferecer uma grande soma de dinheiro aos Maragatos para garantir a paz.
Eles reuniram 300 contos de réis — uma fortuna da época, algo como 36 milhões de reais atualmente— como resgates pela segurança da cidade. A coragem de Ildefonso Correia Pereira, que se arriscou por sua cidade e seu povo, foi fundamental para evitar o confronto direto em Curitiba, que poderia ter sido devastador. A negociação foi aceita pelos Maragatos, e a cidade de Curitiba passou ilesa pela guerra, preservando suas vidas e suas infraestruturas.
A Tragédia de Ildefonso Correia Pereira e a Cruz do Barão
Em 1894, com a Revolução Federalista enfraquecida, o governo de Floriano Peixoto ordenou que os líderes da resistência em Curitiba fossem presos. Ildefonso Correia Pereira, o Barão do Cerro Azul, foi um dos principais responsáveis por negociar com os revolucionários para tentar salvar a cidade de um banho de sangue. Em vez de se render, ele e seus colegas buscaram uma solução pacífica, oferecendo dinheiro para garantir a segurança da população.
No entanto, sua atitude foi vista como traição por Floriano, que decidiu puni-los de forma brutal.
Na madrugada de 20 de maio de 1894, os seis homens foram levados sob custódia para Paranaguá. Durante o transporte, no trajeto em um trem, Floriano Peixoto deu ordens diretas para que os prisioneiros fossem assassinados. Quando o trem fez uma parada forçada, os seis homens foram retirados e brutalmente espancados até a morte, sendo jogados no penhasco onde hoje está a Cruz do Barão, um símbolo da crueldade desse momento.
Reviva a História no Trem da Serra do Mar
A Cruz do Barão não é apenas um monumento à tragédia, mas também um símbolo de resistência e heroísmo. Para aqueles que desejam conhecer mais sobre esse episódio de nossa história, a Brasul Trips oferece a oportunidade de reviver essa narrativa a bordo do Trem da Serra do Mar Paranaense, no Vagão Barão do Cerro Azul. Esse vagão foi criado em homenagem a Ildefonso Correia Pereira e seus companheiros, com um percurso que passa pelas belas paisagens da Serra do Mar, uma das regiões mais impactadas por esses eventos.
Para revisitar essa história, visite a cidade da Lapa, próxima a Curitiba, considerada um grande museu a céu aberto no estado e também viaje a bordo de um vagão histórico que homenageia este herói, cujo trem é a única forma de ver o marco da sua bravura, além de aproveitar para conhecer os morros azuis da Serra do Mar Paranaense e descubra a história de coragem, sacrifício e heroísmo que ecoa até hoje na memória do Paraná.
Reserve agora e embarque nesta jornada histórica, em homenagem ao Barão do Cerro Azul e ao legado que ele deixou para o Paraná!
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